Mostrando postagens com marcador agrotóxicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador agrotóxicos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Importações de agrotóxicos batem recorde em 2014


Importação de agroquímicos bate novo recorde em 2014

Leonardo Gottems

O Brasil importou 418 mil toneladas de agroquímicos no ano passado, incluindo produtos técnicos e formulados



O Brasil importou 418 mil toneladas de agroquímicos no ano passado, incluindo produtos técnicos e formulados. O resultado marca um novo recorde de compras no exterior: US$ 7,3 bilhões, e significou aumento de 2,4% em relação a 2013, quando haviam sido importados US$ 7,1 bilhões. 
Os inseticidas foram responsáveis por US$ 2,7 bilhões do total – o equivalente a 127,5 mil toneladas. O volume representou um forte alta de 13,26% na comparação anual entre 2013 e 2014, influenciada principalmente pelo surto de Helicoverpa armigera e falsa medideira nas culturas de grãos e algodão. 

A liderança nas importações, porém, segue sendo dos herbicidas, com 225,19 mil toneladas. O número permanece alto, apesar de registrar uma queda de 5,12% em 2014 – reflexo da seca que atingiu o Brasil no ano passado país e reduziu a incidência de ervas daninhas. 

“O fato é que seguimos altamente dependentes de importação em defensivos. Em torno de 80% dos produtos vendidos no Brasil são de origem importada”, afirmou Ivan Sampaio, gerente de informação do Sindiveg, que é responsável pelo levantamento. Ele lembra que, dos 300 ingredientes ativos disponíveis atualmente no mercado, apenas dez são sintetizados no Brasil: “Esse cenário é o oposto das décadas de 1970 e 1980, quando 80% do produto comercializado no país vinha do mercado local”, afirmou. 

De acordo com ele, os entraves regulatórios são o principal problema enfrentado pelo setor. Para as indústrias, tem sido mais fácil importar um produto do que fabricá-lo no País. “Há muita restrição, muita fiscalização. E não tem isonomia com o produto importado”, destacou Sampaio. Segundo o dirigente, outro fator complicador é a morosidade no processo de autorização de novos registros. 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Glifosato na mira

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/terra-em-transe/glifosato-na-mira

Herbicida mais vendido no Brasil e no mundo é classificado como provavelmente cancerígeno para humanos pela Organização Mundial da Saúde. O tema é destaque da coluna de Jean Remy Guimarães, que critica a falta de divulgação da notícia na imprensa nacional.
Por: Jean Remy Davée Guimarães
Publicado em 27/03/2015 | Atualizado em 27/03/2015
Glifosato na mira
O glifosato, presente em cerca de 750 herbicidas, foi classificado como provavelmente cancerígeno, com base em estudos que mostram aumento da taxa de câncer entre agricultores e jardineiros expostos. (foto: Austin Valley/ Flickr – CC BY 2.0)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece recomendações e sugere normas para a exposição a milhares de substâncias diferentes. Esse é um processo contínuo, uma vez que novos compostos continuam chegando ao mercado, assim como são publicados novos dados ecotoxicológicos sobre compostos já em uso. O processo é longo, caro e complexo e, entre outros resultados, fornece classificações de risco.
Conforme a quantidade e contundência das evidências científicas, temperadas pela ‘insistência técnica’ de eventuais lobbies corporativos interessados em influir no resultado, um composto ou produto pode ser classificado como cancerígeno para humanos ou provavelmente cancerígeno para humanos. Há também a categoria ‘possivelmente’, e a ‘não sei’. É comum que um composto passe da segunda (provável) para a primeira categoria, mas não se tem conhecimento de exemplo na direção contrária.
O tempo entre o surgimento das evidências de um risco e a emissão de uma norma para domá-lo costuma ser dolorosamente longo, especialmente para os que têm o privilégio duvidoso de terem sido suas primeiras vítimas documentadas.
O tempo entre o surgimento das evidências de um risco e a emissão de uma norma para domá-lo costuma ser dolorosamente longo
As sugestões da OMS têm autoridade moral, mas não legal, e podem ser adotadas pelos seus países-membros, ou não.
Para facilitar a navegação pelo mar revolto de estudos in vitroin vivo, com bactérias, animais e plantas, somados aos poucos estudos epidemiológicos em humanos, a OMS adotou há cerca de 40 anos a saudável prática de convocar regularmente grupos de especialistas para avaliar e reavaliar a toxicidade e o potencial carcinogênico de determinados compostos. O critério para a escolha dos especialistas é rigoroso: devem aliar alta credibilidade científica com total ausência de conflito de interesse na matéria.
Os especialistas não chegam para as reuniões de jaleco e pipetador na mão, pois não vão fazer nenhum novo estudo. A missão é compilar, avaliar e discutir os estudos existentes na literatura até aquele momento e confirmar ou alterar as classificações de risco existentes. Observadores da indústria e/ou de outras agências de classificação de risco sanitário ou ambiental podem assistir aos debates. Só assistir.

Glifosato, OGMs e câncer

Um dos mais importantes grupos avaliadores da OMS é a Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês). E, em 20 de março de 2015, a IARC publicou on-line na prestigiosa The Lancet Oncology os resultados de uma avaliação que seria rotineira se não se referisse, entre outros pesticidas, ao carro-chefe da linha de produtos da Monsanto (companhia multinacional de agricultura e biotecnologia): o glifosato, princípio ativo do herbicida Roundup e de muitas outras formulações de mesma finalidade.
Roundup
O glifosato é o princípio ativo do herbicida Roundup, carro-chefe da linha de produtos da multinacional Monsanto, e de muitas outras formulações com a mesma finalidade. (foto: London Permaculture/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0)
Campeão mundial de vendas, o glifosato está presente em cerca de 750 produtos diferentes usados como herbicidas na agricultura, silvicultura, jardinagem doméstica e urbana.
O pulo do gato da estratégia comercial da Monsanto é o desenvolvimento de cultivares geneticamente modificados para resistir ao Roundup, enquanto as demais plantas definham sob o mesmo. São os chamados OGMs ‘Roundup-ready’. Previsivelmente, o consumo de Roundup aumenta com a ampliação da superfície plantada com transgênicos. Também aumenta com a crescente resistência das ervas daninhas ao herbicida, mas isso é outra história.
No momento, a questão é que a IARC decidiu classificar o glifosato como provavelmente cancerígeno (categoria 2A). Fez o mesmo com outros pesticidas como diazinon e malathion, mas isso foi marola em comparação com o tsunami da inclusão do glifosato.
Os estudos envolviam casos-controle de exposição ocupacional de agricultores e jardineiros na Suécia, Estados Unidos e Canadá e mostram aumento da taxa de câncer em indivíduos expostos
Os estudos que convenceram os 17 membros da IARC a tomar a decisão tão corajosa não envolviam a população em geral, mas sim casos-controle de exposição ocupacional de agricultores e jardineiros na Suécia, Estados Unidos e Canadá. Os estudos mostram aumento da taxa de câncer – particularmente linfoma não-Hodges – em indivíduos expostos. Em animais, os estudos evidenciaram danos cromossômicos, maior risco de câncer de pele, de rim e de adenomas no pâncreas. Nada mau para um composto apresentado em folhetos coloridos como tão inócuo quanto o sal de cozinha.
No entanto, os dados dos estudos selecionados pela IARC (usando os mesmos critérios que a OMS utiliza para selecionar os próprios membros da IARC) não foram considerados suficientes para estabelecer de forma inequívoca o caráter carcinogênico do glifosato para humanos.
Ainda bem, pois um estudo de 2014 do Serviço Geológico Americano (USGS) publicado na Environmental Toxicology and Chemistry mostrou que, em muitas regiões dos Estados Unidos, o glifosato é detectável em cerca de 75% das amostras de ar e água de chuva analisadas. Ué, esquisito, pois a Wikipedia diz que ele é fortemente fixado nos solos e não deve migrar para os corpos d’agua. Que danadinho desobediente!
Pulverização de herbicida
Estudo realizado em 2014 mostrou que, em muitas regiões dos Estados Unidos, o glifosato é detectável em cerca de 75% das amostras de ar e água de chuva analisadas, embora diga-se que ele se fixa fortemente aos solos e não migra para corpos d’água. (foto: Will Fuller/ Flickr – CC BY-NC-ND 2.0)


Reação instantânea

Como de costume, a Monsanto reagiu rápido à decisão da IARC e, em comunicado de 23/03, desanca a agência, que, segundo a empresa, teria se baseado em “ciência-lixo”. No mesmo dia em que foi divulgado o estudo da The Lancet Oncology, a empresa intimou Margaret Chan, diretora da OMS, em carta que vazou para a imprensa, a retificar a opinião da IARC, aparentemente sem sucesso, até aqui.
Enquanto isso, o glifosato está sob reavaliação pela Comunidade Europeia. Inquirida sobre sua opinião a respeito das conclusões da IARC, a Agência Europeia de Segurança Alimentar (Aesa) esclareceu que a Alemanha é o país-relator dessa matéria e que seu homólogo alemão, o Bundesinstitut für Risikobewertung (BfR), algo como Instituto de Avaliação de Riscos, é o encarregado de fazer a avaliação do glifosato em nome da Europa. Seu veredicto, a ser ainda submetido à Aesa nas próximas semanas, talvez não apoie as conclusões da IARC, pela singela razão de que um terço dos membros do grupo de experts em pesticidas do BfR alemão é composto por assalariados diretos dos gigantes da indústria agroquímica e de biotecnologia.
O herbicida preferido por nove entre 10 estrelas do agronegócio pode causar sérios danos renais, inibir a reprodução normal (cruzes!), promover congestão pulmonar e aumentar a taxa respiratória, tudo isso em humanos
E nos Estados Unidos? Bem, foi em seu país-sede que a Monsanto treinou seu eficiente método de infiltração e cooptação de agências reguladoras, a começar pela Agência de Proteção Ambiental (EPA). O mesmo foi simplesmente replicado depois em escala global. A EPA mantém sua posição de que as evidências de potencial carcinogênico do glifosato em humanos são inadequadas (sic), mas tem planos de considerar (sic) os achados da IARC e talvez tomar alguma atitude no futuro. Enquanto isso, condescende em admitir que o herbicida preferido por nove entre 10 estrelas do agronegócio pode causar sérios danos renais, inibir a reprodução normal (cruzes!), promover congestão pulmonar e aumentar a taxa respiratória, tudo isso em humanos.
Mas, falando em globos e planetas, você viu alguma notinha sobre o palpitante tema na grande imprensa brasileira? Eu também não, e olha que procurei: está só na blogosfera, e em sites de notícias internacionais, como o do Le Monde, entre outros. Intrigado, visitei o site americano da Monsanto e achei o comunicado furibundo já comentado aqui, em inglês, claro. No site brasileiro da empresa, nadica de nada, nem em javanês. E olha que eu descasquei os 104 resultados da busca pelo termo glifosato no site. Já boladão, em desespero de causa, fui aos sites da Associação Nacional de Biossegurança(ANBio) e da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio): mesmo estrondoso silêncio.
Alô, câmbio? Não somos o maior consumidor de pesticidas do planeta desde 2008? O glifosato, em suas muitas formulações, não é o item principal dessa cesta química? Oops, esqueci de checar os sites da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério da Agricultura. Mas não o farei. O texto já está longo. Deixo esse cuidado aos meus leitores.
Afinal, vocês também têm que fazer alguma coisa, não é?

Jean Remy Davée Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Experiência mostra impacto de agrotóxicos no organismo

O impacto de agrotóxicos no organismo
21 de Novembro de 2014 • Atualizado às 08h00

Em uma pesquisa realizada pela engenheira química Camila C Braghetto Obst , foram selecionadas duas batatas, sendo uma convencional e outra orgânica, no dia 13/05/2014. Ambas foram colocadas em vidros distintos, nas mesmas proporções, tampados e analisadas por quarenta dias.
Durante a decomposição dos alimentos, foi identificado que enquanto a batata orgânica continuava com aspecto preservado e produzia brotos de seu interior, já a convencional murchou e ficou praticamente imersa pela água que ela mesma liberou. A decomposição exalava forte odor mesmo permanecendo sob vedação, enquanto a batata orgânica teve leve mal cheiro perceptível somente quando o recipiente foi aberto. Esta experiência foram expostas na loja Tutto Natural onde os clientes puderam identificar e acompanhar pessoalmente as diferenças entre elas.
O intuito da engenheira e também proprietária do local Camila C. Braghetto, foi de esclarecer ao público a quantidade de ingestão química através de produtos cultivados com agrotóxicos e seus malefícios. Para Braghetto, a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos nos alimento provoca maior absorção de grande quantidade de água, além dos próprios resíduos químicos, o que a deixa mais perecível e explica o forte odor lançado pelo alimento, sendo que os orgânicos permanecem bons para consumo por mais tempo, o motivo é o cultivo natural onde cresce absorvendo os nutrientes naturais da terra.
Nos últimos anos, a procura por produtos orgânicos tem crescido consideravelmente. E por consequência disso, Hoje quase todos os supermercados possuem prateleiras exclusivas para esses alimentos além de feiras orgânicas e hortifruti para suprir a demanda.
Segundo artigo científico da Unicamp,os brasileiros tem mudado alguns hábitos na busca de consumir alimentos mais saudáveis e a opção tem sido os orgânicos, termo rotulado para definir produtos cultivados sem agrotóxicos. Desde 2003 foi regulamentada a lei federal nº 10.831para agricultura orgânica, que visa à produção de frutas, legumes e verduras sem adição de adubos químicos ou que contenha o percentual insignificante de pesticidas, com finalidade de aumentar a transição ecológica que é a desintoxicação gradual do solo, água e dos alimentos.
Fonte: ciclo vivo

Click here

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Você sabia? É proibido aplicar Glifosato nas cidades ou zonas urbanas - ANVISA



Nota Sobre o Uso de Agrotóxicos Em Área Urbana

Preocupada com a difusão da prática não autorizada de uso de agrotóxicos (herbicidas) para o
controle de plantas daninhas em áreas urbanas especialmente em praças, jardins públicos,
canteiros, ruas e calçadas, em condições não controladas pelos órgãos públicos competentes,
 esta Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) submeteu à consideração da população,
 mediante a publicação da Consulta Pública nº. 46/2006, proposta de Resolução de sua Diretoria
Colegiada para regular a prática da capina química por empresas de
jardinagem profissional, nos termos previstos no Decreto nº. 4.074/2002.

No processo de Consulta Pública, colhendo contribui ções dos diversos segmentos da sociedade,
bem como das áreas técnicas da Agência e de outros órgãos do Sistema Único de Saúde
(SUS) evidenciou-se que a regulamentação dessa prática não se revelava o melhor caminho na busca
da proteção e da defesa da saúde da população brasileira.

Os produtos que visam alterar a composição da fauna ou da flora, com a finalidade de preservá-las
da ação de seres vivos considerados nocivos, são definidos nos termos da legislação vigente
 (Lei nº. 7.802/89) como produtos agrotóxicos, tanto quando se destinam ao uso rural ou urbano.
São produtos essencialmente perigosos e sua utilização, mesmo no meio rural, deve ser feita
sob condições de intenso controle, não apenas por ocasião da aplicação, mas também com o
isolamento da área na qual foi aplicado.

No processo de consulta pública ficou evidenciado que não seria possível aplicar medidas que
garantissem condições ideais de segurança para uso de agrotóxicos em ambiente urbano. Por esse
 motivo a Diretoria Colegiada da ANVISA decidiu arquivar a Consulta Pública nº. 46/2006,
afastando a possibilidade de regulamentação de tal prática.

Justificam tal conclusão, entre outras, as seguintes
condições:
1. Durante a aplicação de um produto
 agrotóxico, se faz necessário que o trabalhador que
venha a ter contato com o produto, utilize
equipamentos de proteção individual. Em áreas
urbanas outras pessoas como moradores e
 transeuntes poderão ter contato com o agrotóxico,
sem que estejam com os equipamentos de
proteção e sendo impossível determinar-se às
 pessoas  que circulem por determina da área
 que vistam roupas impermeáveis, máscaras, botas e
 outros equipamentos de proteção.

2.Em qualquer área tratada com produto agrotóxico é necessária a observação de um período
 de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a aplicação do produto, a área deve ser isolada
e sinalizada e, no caso de necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de
 equipamentos de proteção individual é imperativo. Esse período de reentrada é necessário
 para impedir que pessoas entrem em contado com o agrotóxico aplicado, o que aumenta
muito o risco de intoxicação. Em ambientes urbanos, o completo e perfeito isolamento de
uma área por pelo menos 24 horas é impraticável, isto é, não há
meios de assegurar que toda a população seja adequadamente avisada sobre os riscos que
corre ao penetrar em um ambiente com agrotóxicos, principalmente em se tratando de
crianças, analfabetos e deficientes visuais.

3.
É comum os solos das cidades sofrerem compactação o u serem asfaltados, o que favorece
o acúmulo de agrotóxico e de água nas suas camadas superficiais. Em situação de chuva,
dado escoamento superficial da água, pode ocorrer a formação de poças e retenção de
água com elevadas concentrações do produto, criando uma fonte potencial de risco de
exposição para adultos, crianças, flora e fauna existentes no entorno. Cabe ressaltar neste
ponto que crianças, em particular, são mais sujeita s às intoxicações em razão do seu baixo
peso e hábitos, como o uso de espaços públicos para brincar, contato com o solo e poças
de água como diversão.

4.
Em relação à proteção da fauna e flora domésticas ou nativas, é importante lembrar que
cães, gatos, cavalos, pássaros e outros animais podem ser intoxicados tanto pela ingestão
de água contaminada como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas
ruas.

5.
Por mais que se exija na jardinagem profissional o uso de agrotóxicos com classificação
toxicológica mais branda, tal fato não afasta o risco sanitário inerente à natureza de tais
produtos.Por oportuno, importa ainda observar que há, no mercado, produtos agrotóxicos
 registrados pelo Instituto Nacional do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
identificados pela sigla “NA” como agrotóxicos de uso Não-Agrícola. No entanto, essa
identificação, ao contrário do que possa parecer á primeira vista, não significa a autorização da
utilização de tais produtos em área urbana. Os produtos registrados pelo IBAMA apenas podem ser
aplicados em florestas nativas, em ambientes hídricos (quando assim constar no rótulo) e outros
ecossistemas (além de vias férreas e sob linhas de transmissão).
Dessa forma, a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela ANVISA
ou por qualquer outro órgão, não havendo nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade.

Brasília, 15 de janeiro de 2010.
Diretoria Colegiada da ANVISA

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Rachel Carson, ciência e coragem contra os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos

‘Primavera silenciosa’, uma das obras mais importantes do século 20, é tema da seção Ensaio da CH 296. Publicado há 50 anos, o livro fez o primeiro alerta mundial sobre os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos e questionou os rumos da relação entre o homem e a natureza.
Por: Elenita Malta Pereira
Publicado em 04/10/2012 | Atualizado em 04/10/2012
Rachel Carson, ciência e coragem
Capas das primeiras edições de ‘Primavera silenciosa’ nos Estados Unidos, em 1962, e no Brasil, em 1964. O livro, escrito pela bióloga norte-americana Rachel Carson, inspirou movimentos ambientalistas em diversos países.
Quando decidiu pesquisar a fundo a questão dos agrotóxicos, a bióloga marinha Rachel Carson já era uma escritora conhecida nos Estados Unidos, graças ao sucesso de seus três livros sobre os oceanos: Sob o mar-vento (1941), O mar que nos cerca (1951) e Beira-mar (1955). A trilogia permitiu que ela deixasse um emprego público na Secretaria de Pesca Federal para se dedicar totalmente à escrita, sua grande paixão.
Mas Carson já se interessava pelo tema dos pesticidas desde 1945, quando biólogos norte-americanos começaram a estudar os efeitos do dicloro-difenil-tricloroetano (o inseticida DDT) no ambiente.
Após a Segunda Guerra Mundial, o DDT começou a ser usado no combate aos insetos que atacavam as culturas agrícolas
O DDT foi sintetizado em 1874, na Alemanha, mas suas propriedades inseticidas só foram descobertas em 1939 pelo químico suíço Paul Hermann Müller (1899-1965). Como o composto foi empregado inicialmente, com sucesso, no combate a insetos (piolhos, mosquitos e outros) transmissores de doenças (tifo, malária, febre amarela e outras), a descoberta foi apontada como um feito revolucionário e deu a Müller, em 1948, o prêmio Nobel de Medicina.
Após a Segunda Guerra Mundial, o DDT começou a ser usado no combate aos insetos que atacavam as culturas agrícolas, mas em pouco mais de uma década começaram a ser noticiados episódios de contaminação da água e do solo e de morte de animais.

Quatro anos de estudo

Em 1958, Carson recebeu carta de uma amiga, a jornalista Olga Huckins (1900-1968), contando sobre pássaros mortos em seu quintal, devido a pulverizações aéreas de DDT. Essa foi a ‘gota d’água’ para a decisão de escrever Primavera silenciosa (leia resenha do livro publicada na CH 275). À medida que investigava e obtinha informações sobre os pesticidas, Carson percebia a gravidade do problema e, ao mesmo tempo, a urgência de denunciá-lo ao mundo.
Ela sabia que o tema era polêmico e poderia provocar reação negativa dos fabricantes de pesticidas. Para precaver-se das acusações, pesquisou muito. Entrou em contato com cientistas de diferentes países, formando uma rede de colaboradores.
Rachel Carson
Para escrever ‘Primavera silenciosa’, Rachel Carson (na foto) pesquisou o tema durante quatro anos e contou com a colaboração de cientistas de vários países. (foto: EUA Fish and Wildlife Service)
O estudo sobre os pesticidas consumiu muita energia e, em meio à sua elaboração, a escritora descobriu que estava com câncer. O trabalho no livro chegou a ser suspenso durante o tratamento com radioterapia, mas depois de quatro anos de muita dedicação, a primeira versão de Primavera silenciosa foi publicada, em fascículos, em junho de 1962, na revista New Yorker. Em setembro do mesmo ano, foi lançado o livro.
Em suas páginas, Carson denunciou vários efeitos negativos do uso do DDT em plantações e em campanhas de prevenção de doenças. As aplicações não matavam apenas as pragas (insetos, ervas daninhas, fungos etc.) às quais se dirigia, mas também muitas outras espécies, inclusive predadores naturais dessas pragas. Esse pesticida, mostrou ela, atinge todo o ecossistema – solo, águas, fauna e flora – e entra na cadeia alimentar, chegando aos humanos.
Segundo Carson, a “ecologia do solo” é gravemente afetada, pois o DDT mata organismos responsáveis pela drenagem do solo – como as minhocas, que melhoram a penetração da água – e pela fixação de nitrogênio.
Essa era a ‘primavera silenciosa’ que ela queria evitar: uma estação sem pássaros
A autora alertou também para a contaminação das águas de superfície (córregos, rios e lagoas) e subterrâneas (aquíferos), e ainda da água dos mares. Ela fala de “rios de morte”, em que, após pulverizações de pesticidas, toda a vida era eliminada. Quando os peixes não morriam, ficavam cegos ou contaminados, podendo até causar câncer em quem os ingerisse.
Além dos animais aquáticos, Carson constatou que os pesticidas ameaçavam ‘aguietas’ (filhotes de águia), papos-roxos, andorinhas, melros e outros pássaros de duas formas: as aplicações de pesticidas causavam sua morte ou prejudicavam sua reprodução, já que o veneno agia nas células reprodutoras dessas espécies. Essa era a ‘primavera silenciosa’ que ela queria evitar: uma estação sem pássaros.

Questão ainda atual

Usando uma linguagem que mesclava pesquisa rigorosa com habilidade literária, para aproximar o conhecimento científico do público leigo, Primavera silenciosa teve impacto instantâneo, ficou mais de dois anos nas listas dos livros mais vendidos e logo repercutiu mundialmente.
Enquanto a população enviava inúmeras cartas de apoio a Carson, os fabricantes de pesticidas se uniram para desacreditar a autora e seus colaboradores. Cientistas comprometidos com a produção de agrotóxicos publicaram artigos questionando a legitimidade do livro porque a autora não tinha doutorado (era mestre em zoobotânica), e outros a atacaram com argumentos preconceituosos, chamando-a de “freira da natureza”, “solteirona”, “feiticeira”, insinuando que deveria se calar apenas pelo fato de ser uma mulher.
Apesar desse fogo cruzado – as difamações e o avanço do câncer –, Rachel Carson depôs no Senado dos Estados Unidos e participou de debates e de programas na televisão, divulgando os perigos dos agrotóxicos para a saúde humana e para o ambiente. Infelizmente, a doença venceu e a bióloga morreu em 1964, sem ver os resultados de suas palavras ao longo das décadas seguintes.
O DDT foi banido de vários países, a começar por Hungria (1968), Noruega e Suécia (1970) e Alemanha e Estados Unidos (1972). Hoje, a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, assinada por cerca de 180 países, restringe o uso do composto a casos especiais de controle de vetores de doenças. No Brasil, a fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso do DDT só foram proibidos em 2009.
Aplicação de DDT
O DDT foi inicialmente empregado, com sucesso, no combate a insetos transmissores de doenças. O composto começou a ser banido de vários países no final da década de 1960. (foto: Otis Historical Archives/ National Museum of Health and Medicine – CC BY 2.0)
Já havia pessoas preocupadas com a devastação da natureza bem antes de Primavera silenciosa, mas o movimento ecologista de caráter político certamente foi impulsionado pela publicação do livro. Ao criticar o uso dos agrotóxicos, Carson tratava um tema fundamental, a relação do homem com a natureza. Em um trecho do livro, ela pergunta: “O valor supremo é um mundo sem insetos, mesmo que seja um mundo estéril?”
Para Carson, a humanidade estava em guerra com a natureza. Trilhando um caminho equivocado, começava a sofrer um tipo de risco introduzido pelo próprio ser humano. Em nome do progresso científico, os agrotóxicos eram anunciados como a maneira mais moderna de se erradicar pragas na agricultura e, com isso, resolver o problema da fome no mundo. Essa ‘promessa’, no entanto, não foi cumprida: os insetos se tornaram resistentes aos venenos e ainda há muita gente passando fome.
Mesmo passados 50 anos, o livro de Rachel Carson permanece extremamente relevante. No contexto recente, em que o Brasil carrega o assustador título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo, Primavera silenciosa é atual e necessário. As palavras dessa pesquisadora e escritora podem nos ajudar a repensar nossos valores. Afinal, vale muito mais a pena ter primaveras bem barulhentas, nas quais possam ser ouvidos tanto os sons das pessoas quanto os sons da natureza.

Elenita Malta Pereira
Programa de Pós-graduação em História
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Texto originalmente publicado na CH 296 (setembro de 2012).

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Pesquisadores estudam efeitos dos agrotóxicos nos agricultores - Program...

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O veneno afeta a saúde de agricultores, consumidores e o meio ambiente. No ano passado, o Centro de Informações Toxicológicas do Estado atendeu 612 casos de contaminação. Uma realidade que preocupa. Para investigar a história e avaliar o grau de intoxicação dos agricultores no uso e manejo de agrotóxicos, estudantes dos cursos de Biomedicina e Educação Física da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), de Caxias do Sul, estão realizando um projeto pioneiro. O estudo envolve agricultores de 22 municípios da região. Iniciou no ano passado e será concluído nos próximos meses.

Jornalista Rejane Paludo
Cinegrafista Aldir Marins
Nova Bassano - RS

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Agricultura usa nas ruas agrotóxico proibido

 por Carlos Marques - publicada em 15. 3. 2013 - atualizada 17h40

Tem sido comum a aplicação do glifosato na área urbana da cidade. Tal prática, além de não seguir normas de segurança no trabalho, é proibida pela ANVISA e pelo CREA. Mesmo assim é possível ver a aplicação do produto em Rio Claro



Veículo da prefeitura usado na aplicação. Por medo de represálias, cortamos a identidade do funcionário
O uso de herbicida no controle de do mato em calçadas, canteiros e jardins em Rio Claro segue sendo prática comum em vários bairros. Ao que tudo indica, a criação de uma nova secretaria, a de Manutenção e Limpeza, apelidada de Secretaria Roundup em referência a marca comercial da Monsanto para o produto químico questionado no mundo todo como um dos principais agentes tóxicos a contaminar o solo e a água atualmente,o glifosato.
A equipe da prefeitura, ainda ligada a Secretaria da Agricultura, tem sido vista aplicando o produto sem o uso de equipamentos de segurança adequados (IPI) em área urbana, prática condenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os funcionários municipais foram fotografados na Zona Sul da cidade, área nobre, aplicando o herbicida nas calçadas e meio fio daquela região.
O que diz a prefeitura
Em conversa com Danieli Zanfelice, já que o senhor Dirceu Franco, que substitui Agnaldo Pedro da Silva, coordenador da Vigilância Sanitária por motivos de férias, fomos informados que a vigilância desconhece essa prática . Segundo Zanfelice, a Vigilância Sanitária Municipal é responsável por fiscalizar o que determina o Anexo I da portaria CVS4, que não inclui a fiscalização do uso de agrotóxico que, segundo ela, cabe ao Ministério da Agricultura, mesmo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária condene seu uso. Ainda segundo Zanfelice, a ação da Vigilância Sanitária Municipal só se justificaria caso houvesse uma denúncia formal ou se fosse consultada por outra secretária para um parecer, coisa que não aconteceu.
Na Secretaria de Agricultura, onde fomos atendidos por quem sequer sabia o nome do responsável por este serviço de manutenção, tanto que pediu um tempo para identificar o senhor Willian Pires, apontado como responsável pela distribuição desses serviços, que não pode nos atender em função de outro telefonema. Procuramos pelo secretário, Carlos De Lucca que não se encontrava na secretaria. Fomos informados que seríamos procurados em retorno pelo senhor Pires e até às 17 horas desta sexta-feira não aconteceu.
Que diz a ANVISA
A utilização do herbicida ROUNDUP NA®, e de qualquer outro agrotóxico, na capina química em centros urbanos, especialmente ruas e calçamentos, não é autorizada pela Anvisa (vide anexo II ) e o seu uso não-agrícola recomendado, conforme bula do referido produto, parte em anexo, é eliminação de vegetação (pós-emergência das plantas infestantes) em aceiros de: estradas de ferro, estradas de rodagem, oleodutos, cercas e linhas de alta tensão.
Justificam tal conclusão, entre outras, as seguintes condições:
  1. Durante a aplicação de um produto agrotóxico, se faz necessário que o trabalhador que venha a ter contato com o produto, utilize equipamentos de proteção individual. Em áreas urbanas outras pessoas como moradores e transeuntes poderão ter contato com o agrotóxico, sem que estejam com os equipamentos de proteção e sendo impossível determinar-se às pessoas que circulem por determinada área que vistam roupas impermeáveis, máscaras, botas e outros equipamentos de proteção.
  2. Em qualquer área tratada com produto agrotóxico é necessária a observação de um período de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a aplicação do produto, a área deve ser isolada e sinalizada e, no caso de necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de equipamentos de proteção individual é imperativo. Esse período de reentrada é necessário para impedir que pessoas entrem em contado com o agrotóxico aplicado, o que aumenta muito o risco de intoxicação. Em ambientes urbanos, o completo e perfeito isolamento de uma área por pelo menos 24 horas é impraticável, isto é, não há meios de assegurar que toda a população seja adequadamente avisada sobre os riscos que corre ao penetrar em um ambiente com agrotóxicos, principalmente em se tratando de crianças, analfabetos e eficientes visuais.
  3. É comum os solos das cidades sofrerem compactação ou serem asfaltados, o que favorece o acúmulo de agrotóxico e de água nas suas camadas superficiais. Em situação de chuva, dado escoamento superficial da água, pode ocorrer a formação de poças e retenção de água com elevadas concentrações do produto, criando uma fonte potencial de risco de exposição para adultos, crianças, flora e fauna existentes no entorno. Cabe ressaltar neste ponto que crianças, em particular, são mais sujeitas às intoxicações em razão do seu baixo peso e hábitos, como o uso de espaços públicos para brincar, contato com o solo e poças de água como diversão.
  4. Em relação à proteção da fauna e flora domésticas ou nativas, é importante lembrar que cães, gatos, cavalos, pássaros e outros animais podem ser intoxicados tanto pela ingestão de água contaminada como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas.
  5. Por mais que se exija na jardinagem profissional o uso de agrotóxicos com classificação toxicológica mais branda, tal fato não afasta o risco sanitário inerente à natureza de tais produtos.
  6.  
  7. http://www.guiarioclaro.com.br/materia.htm?serial=151012003

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Produção agroecológica do Sítio Guabiroba - Programa Rio Grande Rural




Os turistas que visitam Porto Alegre, e mesmo a população da cidade, podem conhecer a produção agroecológica desenvolvida na zona rural. No Sítio Guabiroba, a produção orgânica de pimentão é um destaque. Justamente o pimentão, que segundo a Anvisa, é um dos hortigranjeiros mais carregados de agrotóxicos. Além da produção, podem desfrutar da culinária orgânica. Confira.

Jornalista Gabriela Miranda
Cinegrafista José Cabral
Porto Alegre - RS

segunda-feira, 26 de maio de 2014

VEJA o filme "O Veneno está na Mesa II"

Como parte das atividades da Semana do Alimento Orgânico 2014, a Comissão de Produção Orgânica do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento através da representação da Faculdade de Agronomia da UFRGS gostaria de convidá-los a participar e divulgar a exibição  do  filme "O Veneno está na Mesa II", direção de Silvio Tendler, em Porto Alegre-RS

Agroecologia para alimentar o mundo com soberania para alimentar os povos.

Quando: dia 28/05
Local: Salão de Atos da Faculdade de Agronomia
Horário: 11:30


Sinopse:
Após impactar o Brasil mostrando as perversas consequências do uso de agrotóxicos em O Veneno está na Mesa, o diretor Sílvio Tendler apresenta no segundo filme uma nova perspectiva.O Veneno Está Na Mesa 2 atualiza e avança na abordagem do modelo agrícola nacional atual e de suas consequências para a saúde pública.
O filme apresenta experiências agroecológicas empreendidas em todo o Brasil, mostrando a existência de alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis, que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores.

Contamos com a presença de todos para após a exibição fazermos um debate sobre o assunto.

Profa Magnólia Silva e Ingrid I. de Barros
Membros da CPORG-RS

FONTE: Faculdade de Agronomia, em: 26-05-2014(18:16h)

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Na Europa, 80% das plantas ornamentais têm pesticida prejudicial a abelhas

Estudo realizado em dez países europeus pelo Greenpeace aponta que 50% das substâncias encontradas são mortais para o inseto e alerta sobre graves danos para a agricultura.

A reportagem é de Rafael Plaisantk, publicada pelo portal EcoDebate, 24-04-2014.
Cerca de 80% das flores e plantas ornamentais vendidas em floriculturas e supermercados na Europa possuem pesticidas que são perigosos para as abelhas, revela um relatório do Greeenpeace publicado nesta quinta-feira (24/04).
“Sem saber, jardineiros amadores servem coquetéis de pesticidas perigosos para abelhas e insetos. Jardins deveriam ser um oásis afastado da indústria agrícola para esses animais e não um bar de veneno”, afirma Christiane Huxdorff, especialista em agricultura do Greenpeace.
Para o estudo, a organização analisou amostras de 35 espécies de plantas compradas em dez países europeus, entre elas alfazema, miosótis, violetas – variedades conhecidas por atrair abelhas. Em 98% das plantas foram encontrados algum resquício de pesticidas, mas nem todos são perigosos.
Mas em quase metade das amostras foram encontrados neonicotinoides, defensivos agrícolas conhecidos por matarem abelhas. Em 2013, a União Europeia (UE) restringiu por dois anos o uso de algumas dessas substâncias na agricultura, mas a restrição não vale para a produção de plantas ornamentais.
Abelhas são responsáveis pela polinização na agricultura
“Nós precisamos de uma rápida proibição de pesticidas prejudiciais a abelhas. Esses insetos são essenciais para assegurar a qualidade e o rendimento da nossa agricultura”, reforça Huxdorff.
A morte em massa de abelhas no mundo está relacionada principalmente ao aumento do uso de substâncias químicas na agricultura, além de doenças, parasitas e mudanças climáticas. A diminuição na população desses animais é preocupante devido a sua função de polinização.
Segundo o Greenpeace, um terço de todos os alimentos de origem vegetal consumidos no mundo depende da polinização das abelhas. E até 75% das culturas estão sofrendo uma queda na produtividade, principalmente a produção de maçã, morangos, tomate e amêndoas.
O problema da diminuição da população de abelhas é observado no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Em 2012, alguns estados da região Nordeste registraram uma queda de 90% na produção de mel e de 60% de abandono das colmeias.
Na Europa desde 1985 foi registrada uma queda na população de abelhas produtoras de mel comercial de 25%. Nos Estados Unidos, a redução foi bem maior: de 40% desde 2006.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/530715-na-europa-80-das-plantas-ornamentais-tem-pesticida-prejudicial-a-abelhas

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mais herbicidas nos EUA


Uma das principais promessas dos proponentes era exatamente reduzir o uso de agrotóxicos nas lavouras.



The Wall Street Journal, 29/04/2014


“As despesas com herbicidas de alguns agricultores dobraram ou
triplicaram desde que essas ervas daninhas resistentes se proliferaram,
num momento em que os preços do milho estão 38% mais baixos que o pico
de 2012 e os preços da soja recuaram 16%.” (…)


“A Monsanto está buscando a aprovação federal para uma nova versão do
dicamba e para sementes de soja e algodão capazes de resistir ao
herbicida. A Dow planeja lançar uma nova versão do 2,4-D, juntamente com
sementes de milho e soja resistentes ao químico. As empresas afirmam
que os produtos são seguros.


Enquanto isso, alguns produtores estão voltando a um método caro, mas comprovado, de combater ervas daninhas: a enxada.


A capina manual, que pode custar aos agricultores americanos até US$ 370 por hectare, voltou a ser usada em partes dos EUA.


No ano passado, Heath Whitmore, que cultiva arroz e soja no Arkansas,
passou uma semana inteira capinando ervas daninhas que sobreviveram aos
produtos químicos. “Isso é o que meu pai e meu avô costumavam fazer”,
diz. “Estamos voltando para isso.”

Fonte: pratos limpos

terça-feira, 15 de abril de 2014

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Os agrotóxicos, o novo holocausto invisível

"Anualmente, no mundo, cerca de 3 milhões de pessoas se intoxicam pelo uso de agrotóxicos. Mais de 220 mil morrem. Isto significa 660 mortos por dia, 25 mortes por hora. O programa de vigilância epidemiológica dos Ministérios da Saúde e da Organização Panamericana de Saúde de sete países da América Central, estima que cada ano 400.000 pessoas se intoxicam com venenos", escreve Graciela Cristina Gómez, argentina, advogada ambientalista e escritora, em artigo publicado no sítio Ecoportal, 03-12-2012. A tradução é do Cepat.

Os agrotóxicos, o novo holocausto invisível

segunda-feira, 31 de março de 2014

As agriculturas do mundo e o negócio das sementes, fertilizantes e pesticidas, por Ricardo Vicente


[Esquerda.net] Não por mero acaso, o percurso histórico de agravamento das desigualdades produtivas e da fome, no século XX, é coincidente com o da história das principais multinacionais que ainda hoje atuam no mercado mundial. Artigo de Ricardo Vicente.


Atualmente os discursos políticos e técnicos dominantes nas sociedades ocidentais condicionam brutalmente a opinião de qualquer cidadão sobre o que é hoje a agricultura no mundo. Propagam-se as ideias sobre os avanços tecnológicos da ciência e a sua facilidade de acesso: a mecanização, a comunicação, os processos de automatização, as ferramentas biotecnológicas, a obtenção de novas variedades, etc. A sociedade absorve a ideia de que a população mundial é suportada por uma espécie de agricultura industrializada. Esta ideia é falsa, mas é sobre ela que se desenham e promovem políticas que são aplicadas local e globalmente. A agricultura é muito diversa e bastante desigual. Esta situação é fácil de constatar, não apenas comparando países “desenvolvidos” com países pobres mas também dentro de cada país.

Pensar e desenhar políticas agrícolas significa intervir sobre a vida de todos nós, mas em especial sobre a vida de uma grande fatia da população mundial que depende diretamente da agricultura enquanto atividade económica e de subsistência, cerca de 27% (FAO, 2010). Os dados da FAO relativos à população agrícola do ano 2010 mostram um globo onde a agricultura e a produção de alimentos andam a velocidades muito diferentes: 49% da população africana; 56% da África central; 39% da Ásia; 47% da Ásia do sul; 16% da América latina; 1,7% da América do norte; 5,9% da Europa; 2% da Europa central; 4,4% em Espanha; 10,3% em Portugal.

Segundo Mazoyer e Roudart (2001), 80% dos agricultores em África e 40 a 60% na América Latina e Ásia apenas dispõem de utensílios manuais e, entre estes, só 15 a 30% têm tração animal. Referem os mesmos autores que a diferença de produtividade do trabalho entre a agricultura manual menos produtiva do mundo e a agricultura motorizada e mecanizada mais produtiva, no espaço de um século (o séc. XX), passou de 1:10 para 1:500. No caso dos cereais, afirmam que um trabalhador isolado, na melhor situação, consegue produzir 2.000 toneladas, enquanto que, na pior situação, uma família produz apenas 1 tonelada, no espaço de um ano. Estas duas realidades encontram-se hoje, frequentemente, separadas não por um oceano mas por um muro ou vedação.
É sobre esta realidade desigual que se desenham acordos e políticas internacionais que interferem diretamente nas atividades agrícolas, mas é também neste quadro que atuam as diversas empresas multinacionais produtoras e distribuidoras de fatores de produção. Não por mero acaso, o percurso histórico de agravamento das desigualdades produtivas e da fome, no século XX, é coincidente com o da história das principais multinacionais que ainda hoje atuam no mercado mundial (ver figuras 1, 2 e 3).

Foi no decorrer dos anos 60 e 70 que todo o processo se acelerou, com o surgimento crescente de variedades híbridas, adubos e pesticidas, possibilitando o melhoramento da relação semente-fertilizante e consequentemente o grande aumento das produções. Este processo ficou historicamente conhecido por revolução verde. Nos países e regiões mais pobres, onde eram maiores os riscos de fome consequentes do aumento da população e da fraca capacidade produtiva dos sistemas agrários, as consequências foram desastrosas. A maioria dos novos saberes e tecnologias não chegaram aos agricultores locais e as poucas que chegaram retiraram-lhes a autonomia, criando dependências entre agricultores e empresas fornecedoras de fatores. Na história destas empresas abundam as situações fraudulentas que provocaram a destruição de recursos endógenos e criaram dependências dos seus negócios. Surgiram diferenciais de produtividade brutais com a entrada em funcionamento de unidades produtivas modernas, os preços dos alimentos caíram, muitos agricultores abandonaram a atividade, destruíram-se redes de distribuição locais e surgiram novas dependências alimentares que espalharam a fome e o desespero. Iniciou-se uma mudança de paradigma, passou a haver produção de alimentos suficiente para alimentar a população mas a fome agravou-se devido à impossibilidade de acesso aos alimentos.
Todas as atuais principais empresas de produção e distribuição de sementes, adubos e pesticidas têm um histórico de atividade que iniciou antes ou durante a revolução verde e quase todas já tiveram reestruturações decorrentes da fusão com outras empresas. Há quase um século que atuam numa área de atividade onde o negócio é garantido e ainda não parou de crescer (ver Fig. 4 e 5). Se analisarmos as suas histórias, facilmente constatamos que os seus negócios cresceram sem regras nem princípios, ao lado dos interesses financeiros e políticos das maiores potencias mundiais.

Alguns factos históricos sobre as principais empresas multinacionais que operam no mercado se sementes, pesticidas e adubos:
Monsanto:
Surge em 1901 com a produção de sacarina. Produz vários equipamentos para a 2ª guerra mundial; em 1945 entra no negócio dos pesticidas; em 1960 é uma das principais produtoras de agente laranja, herbicida com efeito desfolhante aplicado na guerra do Vietname e que provocou sequelas brutais nos soldados e na população local; em 1964 lança o primeiro herbicida seletivo pré-emergência para a cultura do milho.
Syngenta:
Surge apenas em 1999, mas resultou de uma fusão empresarial onde se destacava a Geigy, que se fundou em 1935 e produzia inseticidas; em 1974 entrou no negócio das sementes.
Bayer:
Surge em 1863 como produtora de corantes e mais tarde dedica-se à indústria farmacêutica. Prestou serviços à Alemanha de produção de equipamentos necessários às duas guerras mundiais; Em 1956, Fritz ter Meer, depois de sete anos de prisão consequentes de colaboração em ensaios em seres humanos e tráfego de escravos provenientes de um campo de concentração em Aushwitz, foi nomeado presidente do conselho de supervisão da Bayer.
DuPont:
Iniciou em 1802 com a produção de pólvora; Produziu equipamentos para as duas guerras mundiais; Em 1943 participa no Manhattan Project e no desenvolvimento de uma bomba nuclear; Entre 1997 e 1999 comprou absorveu a empresa Pioneer, uma das maiores empresas que atuava no mercado mundial de sementes (desde 1926), altura em que lançou o primeiro milho híbrido comercializado. Em 1960 lança o inseticida Lanate.
Limagrain:
Surge em 1942 com a produção e venda de sementes.
BASF:
Fundada em 1865 iniciou atividade com a produção de corantes. Em 1913 sintetizaram amónio pela primeira vez. Produziram diversos equipamentos para as duas guerras mundiais. Em 1949 lançam um novo negócio com o herbicida U46.
DOW:
Foi criada em 1897 com um negócio de venda de descolorantes e sais. Forneceu materiais diversos para as duas guerras mundiais; nas primeiras duas décadas do século XX assumiu-se como um dos maiores produtores de pesticidas; entre 1951 e 1975 desenvolveu armas nucleares; entre 1965 e 1969 forneceu napalm e agente laranja para a guerra do Vietname.
Potash Corp
O histórico da empresa remonta a 1975, quando o Governo de Saskatchewan, Canadá, decidiu nacionalizar e agrupar o negócio de um conjunto de empresas estratégicas que operavam pelo menos desde 1950 na extração e venda de potássio e derivados. Em 1989 o grupo foi privatizado.
Mosaic Company
Foi lançada em 2004, nos Estados Unidos, e resultou da fusão de duas empresas, a Cargill e a IMC-Global que tinha histórico de atividade desde 1909.
Yara
Fundada em 1905, 10 anos depois, durante a primeira guerra mundial, fornecia nitratos de cálcio e de amónio à Alemanha e aos Aliados.
OCP Group
Formado em 1920, em Marrocos, na extração e comercialização de fósforo e derivados.
Fig. 1 – Mercado de Sementes
Top 10 – 2007
Vendas de sementes
(milhões $)
% mercado global de sementes
Monsanto (US)
4.964
23%
DuPont (US)
3.300
15%
Syngenta (Switzerland)
2.018
9%
Groupe Limagrain (France)
1.226
6%
Land O’ Lakes (US)
917
4%
KWS AG (Germany)
702
3%
Bayer Crop Science (Germany)
524
2%
Sakata (Japan)
396
<2 p="">
DLF-Trifolium (Denmark)
391
<2 p="">
Takii (Japan)
347
<2 p="">
Top 10 Total
14.785
67%
Fonte: ETC Group
Fig. 2 – Mercado de Pesticidas
Top 10 – 2008
Vendas de sementes
(milhões $)
% mercado global de sementes
Bayer (Germany)
7.458
19%
Syngenta (Switzerland)
7.285
19%
BASF (Germany)
4.297
11%
Dow AgroSciences (USA)
3,779
10%
Monsanto (USA)
3,599
9%
DuPont (USA)
2,369
6%
Makhteshim Agan (Israel)
1,895
5%
Nufarm (Australia)
1,470
4%
Sumitomo Chemical (Japan)
1,209
3%
Arysta Lifescience (Japan)
1,035
3%
Top 10 Total
34.396
89%
Fonte: Agrow World Crop Protection News, August 2008
Fig. 3 – Mercado de adubos
Fig. 4 – Consumo mundial de azoto, fósforo e água
Fig. 5 – Consumo mundial de pesticidas e volume de negócio
* Ricardo Vicente é Engenheiro Agrónomo.

Artigo originalmente publicado pelo Esquerda.net e reproduzido pelo EcoDebate, 31/03/2014

[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Postagem em destaque

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...